5 de out. de 2010

Lyanne X. Sanchez Cortez - História de mais uma Personagem minha.

Sabe, eu não sou assim. Nunca fui. Mas as circunstancias me levaram a isso. Eu já fui doce, alegre, meiga. Já fui a princesinha do papai. Tinha uma vida perfeita, me dava bem com minha família.  Eu era feliz. Me dava bem nos estudos, e me esforçava para ser cada vez melhor. Nunca tinha tirado menos que oito nas médias finais. Me orgulhava disso, e meu pai tambem. Éramos muito ligado até então. Mas quando vamos crescendo, as coisas mudam. Meus ideais não são mais os ideais do meu pai. Meus pontos de vista as vezes não são semelhantes ao dele. Nada parece agradar a eles, e eu pareço estar ficando cada vez mais fora do lugar. Parece que não faço mais parte dali.
No fundo, não é bem assim. Eu sei disso, mas meu orgulho me manda ignorar esse pequeno detalhe.
Há algum tempo, exatos dois anos e três meses, conheci um garoto. Ele era lindo. Ele tinha um jeitinho bad boy, mas era só ele pegar o violão e pronto, me derretia totalmente por ele. No começo não tínhamos nos dado tão bem, eu era orgulhosa e um pouco “Difícil” de lidar, mas ele era persistente. Ainda bem que ele foi persistente, pois ele foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Ele me levou para um passeio de pedalinho, e ali ele me pediu em namoro. Eu fiquei de boca aberta, e é claro, aceitei de imediato. Eu estava me apaixonando.
Como é de se esperar, meu pai não gostou nada da estória, menos ainda do meu belo Yan. Mas eu não me importei, bati de frente com meu pai e deixei claro que amava o Yan, e goste ele ou não, eu continuaria amando ele. Minha mãe sempre foi a mediadora da família, ela era sabia. Depois de 15 minutos de conversa com meu pai, ele acabou cedendo e eu e o Yan éramos oficialmente namorados.
O namoro durou menos que desejei, confesso. Mas não foi por não nos combinarmos, nem nada do gênero, ao contrario, nos dávamos muito bem. As vezes sentia que meus pais admiravam o Yan muito mais do que demonstravam. No dia do meu aniversário, Yan queria me levar para um dia especial. Meu pai emprestou o carro para que fossemos. Yan me apanhou em casa as oito da manha, e partimos. Foi o dia mais maravilhoso da minha vida, um piquenique no parque, no fim do dia fomos ver o por do sol no meu lugar favorito e depois disso um jantar a luz de velas. Quando voltamos, ele acabou me dando uma noticia que me deixou chocada, disse que estava saindo do país e que não nos veríamos por um tempo. Que tinha coisas a resolver e teria que partir no dia seguinte, que ficaria um tempo por la, e não sabia quando voltaria. Mas para mim não me preocupar que ele me ligaria sempre que pudesse. Fiquei arrasada e brigamos, em meio a xingamentos e insultos, ele se virou, olhou-me com olhos tristes. Eu disse que o odiava por ele estar me abandonando, ele tentou acariciar meu rosto e eu me afastei. Não vimos como aconteceu, só sentimos um grande impacto e o barulho de ferro contra ferro. Por um pequeno instante tudo ficou silencioso, escuro. Senti uma mão sobre a minha, e a voz dele, doce e fraca ao meu ouvido. Mesmo depois de ter dito que o odiava, ele estava preocupado. Disse-lhe que eu estava bem e ele disse que me amava. Beijou-me, e senti o gosto de sangue. Chorei e senti o desespero me possuir quando ele deixou a cabeça pender no meu ombro. Senti algo quente escorrer pelo meu ombro. Eu o chamei e ele não respondeu, não senti a respiração dele e entrei em desespero. O medo me apertava o estomago e as lagrimas agrediam meus olhos. Ele se foi, e a única coisa que eu tinha lhe dito era que o odiava.
Tempo se passou e eu me fechei em meu mundinho. Minhas notas caíram e eu mudei. Me sinto culpada ainda pelo que aconteceu. Achei mais fácil deixar de fazer o que fazia, pois assim não lembrava dele com tanta freqüência.
Sabe, parece que depois que ele se foi tudo mudou, tudo ficou mais difícil e menos atrativo. Meu pai e eu nunca mais fomos os mesmos. Depois disso, só brigamos e brigamos. Minha mãe tenta me entender, mas eu faço de tudo para afastá-la. É como se eu pudesse manter-la em segurança, como se eu lhe oferecesse perigo. Depois disso confesso que fiquei um tanto, insuportável, mas é mais forte que eu.
Ontem no colégio foi um dia difícil. Uma garota me irritou tanto, que perdi a cabeça e usei de magia para vingar-me dela. Quando estávamos sozinhas no vestiário, usei o feitiço para fazê-la vomitar lesmas. Sei que não deveria ter feito isso, mas quando vi, eu já tinha feito. E depois de ter feito, fiquei me perguntando se deveria ter feito isso ou não.O pior de tudo foi ver meu pai surtar, porque teria que arrumar a sujeira que eu fiz.
Como se isso não bastasse, ainda veio aquele idiota do Thomas infernizar minha vida. Simplesmente odeio o jeito como ele me trata. Sabe aquele cara que se sente o ultimo biscoito do pacote, que acha que só de você olhar pra ele, pronto, já esta caidinha por ele. E uma só piscadela, vai te levar pra cama? Isso ainda não é nada. Quando ele pôs as mãos dele em mim, senti nojo. Ele puxou meu corpo para perto do dele e me prendeu, segurando-me firme pela cintura. Os lábios dele tocaram os meus, sem pudor, sem sentimento algum. A mão dele não se contentou em explorar minhas costas e desceu para minhas nádegas. Senti meu sangue ferver, meu corpo se moveu sem eu perceber. Meu joelho chocou-se contra os órgãos genitais dele, meu punho fechado encontraram a traqueia dele. Quando ele caiu, senti a raiva preencher meu ser, e meus pés encontraram o estomago do rapaz, varias e varias vezes. Acho que não me contentei só com o estomago, pois senti meus pés acertarem algo duro tambem, acho que chutei suas costas e devo ter acertado um ou dois chutes no rosto dele. Eu não queria parar, não queria mesmo. Foi ai que senti mãos fortes me agarrarem por tras e me arrastar para longe dele. Meus olhos estavam focados no garoto ao chão, eu sabia que ele estava inconsciente, mas não me importava, eu queria mais. Queria fazer com que ele pagasse por me tratar como uma vadiazinha qualquer, e acho que de certa forma quem pagaria seria eu. Ouvi gritos, parece que exagerei na dose, vi pessoas correndo, ligando para a emergência. Realmente peguei pesado. Fui expulsa da escola no mesmo dia.
Cheguei em casa, minha mãe me olhava triste, era claro que ela estava decepcionada comigo, e eu não tirava a razão dela. Eu agi de forma irracional, sei quem nem mesmo um animal faria o que eu fiz. Eu tive sorte, a mãe do garoto não quis dar queixa, pois meu pai tinha deixado claro que se isso acontecesse, ele tambem daria queixa de tentativa de abuso sexual, e isso iria denegrir não só a imagem da família dele por ter um marginal em casa, como a dela, por ter um garoto com potencial para estuprador. Sim, ele tambem sabia pegar pesado. A conversa foi longa naquele dia, e ainda houve a promessa de que não terminaria ali. Eles foram dormir, eu rolei na cama e chorei. Mais do que nunca sentia a falta de Yan naquele momento. Para falar a verdade, sentia a falta dele todo o momento. Depois de muito chorar cai num sono profundo. Acordei chorando, tinha sonhado com o dia do acidente, com a briga e com..
Levantei-me e fui fazer minha caminhada rotineira. O dia passou lentamente, foi tedioso. Estar em casa era realmente a coisa mais desagradável do mundo. Minha mãe não estava falando comigo, e meu pai fingia que eu não existia. Na hora do jantar estava sem apetite e fui direto para meu quarto. Bati a porta, desliguei a luz e tateando a parede fui atpe minha cama e deitei. Abri a gaveta do criado mudo e peguei uma barra de chocolate, e a comi lentamente. Fitava o nada sem idéia do que fazer. A situação só tendia a piorar. Tentei dormir.
Acordei algumas horas depois, estava tão escuro, nada podia ser visto, nem mesmo o meu próprio nariz. Podia ouvir um zum, zum, zum no cômodo ao lado, onde meus pais discutiam veemente quem daria a ultima palavra. O Sr. Xyeetnuut, teimoso e cabeça dura, queria me enviar para um colégio militar. Dizia que eu precisava de disciplina, que eu era muito rebelde e que precisava de limites. Que o que eu havia feito ontem, era inaceitável, e que se não tomassem logo uma atitude, eu viraria uma marginal ou pior, uma serva do lado negro da força. Ele tinha acabado de assistir o 2º filme trouxa da série Star Wars, isso era patético. Agora minha mãe, por sua vez, só pensava que eu precisa de direção. Que precisa estar entre outros jovens, e que Hogwarts poderia ser uma boa saída. Nessa hora sentei ereta na cama
“Como assim Colégio Militar ou Hogwarts? Eles não podem fazer isso, eles estavam tentando se livrar de mim! Como eles podem pensar nisso, mandar-me para longe? Ah, mas isso não vai ficar assim. Não mesmo. Eu não vou sair daqui, não vou para nenhum lugar. Eu nem pedi pra nascer! O que eles pensam que eu sou, um fardo, um pacote que eles podem jogar pra La e pra Ca, a hora que bem entendem?”
Levantei da cama num salto, e avancei em direção a porta a todo vapor. Tropecei em meu coturno e quebrei a unha do pé, xinguei toda minha geração por ser tão relaxada nessas horas. Com o pé tirei o coturno do caminho e fui em direção ao interruptor. Quando acendi a luz, o silêncio imperou. Eles sabiam que eu tinha ouvido. E tinham idéia que mais uma pessoa iria entrar na questão da discussão. Abri a porta, e deparei-me com meus pais me olhando com aquela cara que dizia:
“Você não deveria estar aqui, deveria estar dormindo, ou fingindo pelo menos”
Eu olhei para meus pais com desdém, e minha voz quebrou o silêncio.
-Podem esquecer e dar por encerrado essa discussão fútil de vocês. Eu não vou pra lugar nenhum. Nem pro colégio militar – Eu fuzilei meu pai com o olhar – E nem para Hogwarts – Tambem fuzilei minha mãe e fiz uma careta. – Ta, sei que não deveria ter feito aquela garota vomitar lesmas, nem mesmo mandar aquele idiota do Thomas para o Hospital. Mas ele pediu por isso. Ele estava me tratando como uma VADIA qualquer da escola.
Eu ignorei a cara raivosa de meu pai e caminhei ate o sofá de um lugar na sala e me joguei nele, olhando para a minha unha, como se invadir a discussão dos pais no meio da noite fosse a coisa mais natural do mundo. Meu pai respirou fundo, e por um momento pareceu estar pensando na sua filha querida já no colégio militar. Ele olhou para minha mãe e se deu por vencido.
-Tudo bem, já esta decidido. Ela ira para Hogwarts. Será menos vergonhoso ela ser expulsa de lá, do que ser expulsa de um colégio militar. E mesmo assim, a decisão é sua. O que acontecer de agora em diante, ficara sob sua responsabilidade – Ele me olhou com o mesmo desdém com que o olhei – A partir de hoje, eu lavo minhas mãos.
Olhei para o meu pai incrédula, como ele podia fazer isso comigo. Levantei-me e olhei para os dois, revoltada.
-Eu não vou para lugar nenhum. Nem adianta. Não saio daqui nem sob decreto. Nem amarrada ou estuporada. Esquece velho.
Para minha surpresa, meu pai não pensou duas vezes, e nem deu tempo para minha mãe tentar impedi-lo do que ele estava prestes a fazer. Embora muitos não achem, coitada de mim. Só tive idéia do que aconteceu, quando acordei em um imenso castelo, tambem conhecido como Hogwarts.
Amanha fará cinco meses que não vejo meus pais, nem mesmo falo com eles. Todos os meses recebo uma mesada, para me virar aqui em Hogwarts. Mas não recebo uma só palavra deles, seja verbal ou escrita. Hoje estou mais sociável, o que não significa que esteja mais afável. Conheci aqui na escola uma CDF que me ajuda nas aulas que tenho algumas dificuldades, o que tambem não significa que minhas notas tenham tido uma melhora considerável. Minha mãe diria que estou progredindo, eu diria que estou morrendo. Cada um tem uma visão das coisas...
“E é assim que vejo as coisas.”
Apaguei a luz, e fui dormir. Mais uma vez lembrei-me de Yan dizendo que me amava e chorei até cair no sono.


Yan: [img]http://25.media.tumblr.com/tumblr_kw3p8y0Xlf1qawt1wo1_500.jpg[/img]

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